Ela dispensa apresentações, mas, se por acaso você ainda não conhece essa figura essencial para o skate feminino brasileiro, permita-me apresentá-la: Pipa Souza! Diretamente da Bahia, ela é uma verdadeira multi skatista. Videomaker, apresentadora, comentarista, narradora, team manager, editora de revista e ainda encontra tempo para se dedicar à fotografia analógica como hobby. Ufa!
1) Pipa, como você enxerga a importância da representatividade negra e LGBTQIA+ no esporte, especialmente no skate, e como isso influenciou a sua trajetória pessoal e profissional?
Quando eu comecei a andar de skate, tive a sorte de encontrar espelhos: mulheres pretas que estavam lá, mostrando seu talento. Nomes como Marta Linaldi, Priscila Morais, Sara Trindade, Monica Messias e Greicy Kelly foram fundamentais para mim. Essas mulheres, apesar de marginalizadas na cena, resistiram e abriram caminho para o skate preto florescer. Hoje, ver mulheres como Vitória Mendonça se destacando e vivendo do skate é como uma primavera que chegou. Continuo representando e ocupando espaços, sabendo da importância de construir mais possibilidades de representatividade para as futuras gerações. Ser profissional do skate e mostrar que é possível viver desse esporte de várias maneiras, não apenas andando de skate. Eu quero que outras mulheres pretas vejam que elas podem ser o que quiserem no meio do skate, em qualquer área que escolherem.
2) O que podemos esperar da sua participação na transmissão do skate nas Olimpíadas pela Cazé TV? Você tem algum momento específico que está ansiosa para comentar?
Vocês podem esperar todo o meu conhecimento, especialmente sobre o skate feminino. Será uma experiência épica, o maior evento de skate do mundo. Estou torcendo muito pelas mulheres que estão lá, quero ver todas mostrando seu potencial. É uma honra ser a porta-voz desse momento. Estou particularmente ansiosa pela final, aquele momento em que descobriremos quem vai subir ao pódio. Acompanhar a evolução das skatistas é incrível, e eu me identifico muito com o estilo e o rolê delas, embora a torcida seja maior para as brasileiras.
3) Quais são as suas expectativas para o futuro do skate no Brasil e no mundo, e que mudanças você gostaria de ver para tornar o esporte mais inclusivo e acessível?
Minha expectativa é que o skate feminino seja cada vez mais reconhecido. A primeira Olimpíada e a medalha da Rayssa Leal deu voz à nossa comunidade, mas quero ver mais marcas investindo em times femininos, e que as marcas que já têm uma menina no time incluam mais meninas. Nossas mídias e eventos precisam ser mais potencializados, pois ainda fazemos acontecer com muito esforço. Espero que o skate seja visto além das manobras, valorizando todo o trabalho das profissionais e da galera nos bastidores. O skate sempre foi inclusivo, mas acessível já não sei. Hoje em dia é muito difícil comprar uma peça de skate, por exemplo. Espero que isso mude e sinto que coisas positivas estão por vir.
Por: Estefania Lima
Fotos: Tayná Uràz, Guilherme Abe, Rafael Spock, Amanda nogueira, Thayna Gonçalves
Arte: Hugo Leão