VitaMinas Crew é um coletivo feminino da cidade de Juiz de Fora – MG. Há pouco mais de um mês, rolou o lançamento do primeiro vídeo da Crew, intitulado Ecoa. Confesso que o vídeo me tocou de uma forma muito particular, trazendo memórias de quando comecei a andar de skate. O vídeo transmite a essência do skate, independentemente de manobras pesadas, picos difíceis e grandes edições. Com uma trilha sonora rica, que traz brasilidade e resgate de sons, são 10 minutos gostosos de assistir. Dito isso, bati um papo com Nicole Faria, uma das integrantes do coletivo.

Hoje vivemos uma era de fácil acesso a vídeos e conteúdos relacionados ao skate feminino. Porém, há uma característica nos vídeos atuais de serem mais curtos. Como surgiu a ideia do Ecoa, que é um vídeo mais longo?
Nicole Faria: A ideia é registrar esse momento do skate feminino na cidade, que está em forte expansão. O vídeo também é um registro interessante da primeira vez que muitas ali andaram na rua, além de mostrar o nosso rolê como ele é. Tem gente que está aprendendo, tem gente que já anda há mais tempo. Tem gente que vai pular a escada e tem gente que vai se aventurar ali no degrauzinho da calçada. E tudo isso é divertido, tudo isso compõe o rolê. Quando fui para a rua com as meninas, teve um momento em que me emocionei, porque já moro aqui há 13 anos e nunca tinha vivido, nem visto, algo parecido.
Quais foram os maiores desafios na produção do vídeo?
NF: É um vídeo bem iniciante. A maioria de nós nunca tinha saído para gravar, nunca tinha manuseado uma câmera mais profissional. Eu, particularmente, nunca tinha nem aberto um Premiere na minha vida. Então, esse vídeo só conseguiu sair porque representa muito a amizade. Contamos com várias pessoas que sabiam fazer isso, que são mencionadas no final do vídeo. Pessoas que emprestaram câmera, que ensinaram a gravar, a editar… Sem isso, não teria sido possível.
Também há a questão de estarmos fora dos grandes centros. Apesar de terem surgido alguns nomes daqui, os grandes circuitos de skate não passam por aqui. Mas existe skate no interior de MG, um skate que se sustenta com pessoas anônimas e que acontece dessa maneira simples.
Para finalizar, qual foi a sensação de ver o vídeo pronto?
NF: O vídeo ficou lindo e super emocionante, mas uma coisa muito especial aconteceu. Quando exibimos o vídeo pela primeira vez, havia bastante gente no auditório, e uma das meninas que aparecem no vídeo, uma criança, foi com a família. Ela ficou muito feliz de se ver no vídeo e, no final, disse: “Nossa, eu já quero ir pra rua de novo.” E é uma criança! As crianças não vão muito para a rua, mas ela ficou muito empolgada. Essa cena foi muito marcante para mim.

O Ecoa resgatou o skate for fun, essa importância de existir uma cena local, apesar da grande cena em que o skate se encontra hoje. Porque é essa galera que mantém a chama acesa nessa criança. Assisti ao vídeo com um quentinho no peito e, ao mesmo tempo, com uma inquietude por não conseguir decifrar o que ele tinha de tão especial. No meu bate-papo com Nicole, entendi perfeitamente onde ele tinha me tocado. Tudo nesse vídeo é bonito, porque ele mostra um skate acessível. Ele traz a essência do que é o skate em sua forma mais simples.
Texto: Renata Oliveira
Fotos: Elisa Condé, Matheus Pereira, Clarissa Sayuri, Maju Prata